Pai e Filho - Uma relação que nasce na barriga...
Pai e Filho - Uma relação que nasce na barriga...

O homem, durante a gestação, inicia a sua relação com o bebé, começando a desenvolver as suas competências parentais. Tal, em tempos, não acontecia pois o homem tinha como missão cuidar da companheira para que esta tivesse capacidades de proporcionar um bom ambiente para a chegada do bebé. Nos dias de hoje, em algumas culturas, o pai começa a ter um papel mais significativo e ativo, estabelecendo desde a gestação, um contacto mais direto.

Para que o homem se possa ligar ao bebé ainda durante a gravidez, existem determinadas formas de facilitar esse contacto. Uma das formas é a grávida proporcionar ao homem o toque, ou seja, colocar a sua mão sobre o ventre para que ele possa sentir os movimentos do bebé e assim construir uma imagem mental. Outra das formas é através das ecografias. Este é um momento em que tanto a mulher como o homem observam a mesma imagem do bebé e têm acesso à mesma informação. Este momento transmite aos futuros pais um sentido de responsabilidade para com aquele ser.

Verifica-se nos dias de hoje que os pais mostram-se cada vez mais interessados e envolvidos neste processo. Esta relação dá-se através do apoio emocional prestado à grávida, da sua participação nas várias etapas da gravidez e também na interação gerada através de conversas e carinhos com a barriga.

O modelo que se impunha em tempos, constituída por uma hierarquia de organização familiar bastante severa, tem sido gradualmente modificada. O pai começa a deixar de ter um papel de dominador do grupo para se tornar parte deste. Em muitas sociedades o papel do pai e da mãe passa por partilhar os cuidados e as responsabilidades para com os seus filhos. Cada vez mais, os pais são incentivados a fazerem parte de toda a gravidez, iniciando-se “o processo de tornar-se pai”.

O facto de eles criarem uma imagem do bebé faz com que este fique mais real e que auxilie a construção de uma identidade. O modo como pai se relaciona com o bebé durante a gestação está na base da relação entre o pai e o filho após o nascimento deste. No entanto, só após o nascimento é que o pai entra em contacto físico com o bebé pela primeira vez. O nascimento representa o auge da relação que é iniciada através da grávida. Neste momento, o bebé sai do imaginário do homem para passar a ser um ser real.

O comportamento paterno, durante e após a gestação, é descrito como uma combinação entre os antecedentes parentais e das práticas dos profissionais de saúde durante a gravidez. Os antecedentes pessoais referem-se aos cuidados que foram prestados durante a infância, a herança genética, cultura, relacionamento com os familiares, experiências com gestações anteriores, o planeamento e a preparação para a gravidez. Quando se fala das práticas profissionais refere-se ao comportamento e atitudes por parte dos profissionais de saúde, atendimento e apoio prestado durante as várias fases do trabalho de parto e parto, os primeiros de dias de vida do bebé, tal como as regras hospitalares. Estes fatores vão influenciar a qualidade da relação entre o pai e o bebé ao longo da vida.

Deparamo-nos, então, com uma nova “cultura de paternidade” onde os pais estão mais presentes nas vidas dos seus filhos, sendo o seu envolvimento mais direto. Assim, a paternidade vai ganhando novos contornos à medida que os filhos vão crescendo. 

 

Dr.ª Susana Vaz

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