Actividades extra-curriculares... Sim ou não?
Actividades extra-curriculares... Sim ou não?

Nos dias de hoje, as crianças apresentam um horário de actividades diárias por vezes exagerado. No próprio horário escolar, que já ocupa grande parte das suas vidas, mas também fora dele. Isto suscita a seguinte questão: será que estas crianças têm algum momento do seu dia para fazerem algo que não lhes seja exigido? Vamos reflectir um pouco sobre esta pergunta…

Quando nos deparamos com uma criança com insucesso escolar, o que tende a acontecer na maioria das vezes é esta passar horas a fio nas salas de estudo, de modo a que recuperem, segundo o pensamento de alguns pais, aquilo que não foi apreendido em sala de aula. Esse número exagerado de horas não beneficia o aluno, pelo contrário. A capacidade de concentração do aluno perde-se, fazendo com que essas horas a mais sejam apenas um momento de frustração e de cansaço para o aluno.

Ao contrário destes, aqueles alunos que são bem sucedidos no âmbito escolar não se livram de ter uma agenda extremamente ocupada, pois hoje em dia ter actividades extra-curriculares deixou de ser uma escolha mas algo obrigatório. Na verdade, essas actividades são importantes na vida de qualquer criança, desde que sejam aplicadas da forma certa. Primeiro, há que ter em atenção a determinadas características das crianças, como a idade da criança, os seus gostos e desejos, interesses e características da sua personalidade. A escolha de uma actividade não pode ser feita segundo os gostos dos pais e como forma a compensar aquilo que são as suas próprias frustrações, ou seja, "vou dar tudo aquilo que eu não tive oportunidade de ter". Caso isso venha a acontecer e a criança não tenha tido qualquer tipo de poder de opinião, vai tornar a que a actividade se torne um suplício. Perde-se, então, a objectividade principal das actividades extra-currículares, que é dar continuidade ao desenvolvimento de certas capacidades e talentos.

Por vezes pode acontecer que a criança comece a nutrir desinteresse pela actividade que até então realizava com prazer. É importante que por parte dos pais exista a procura de perceber quais as circunstâncias que levaram à mudança de atitude. Não devem apenas aceitar que ela deixou de gostar da actividade e deixá-la desistir, mas também não devem insistir incessantemente pela sua continuidade, se passou a ser algo desagradável para a criança. Há que perceber a verdadeira razão pela qual houve uma mudança de atitude.  

O ideal será, quando existe intensão de colocar a criança numa actividade e quando as condições assim o permitem, existir uma fase de experimentação para que entenda do que se trata, para que assim assuma o compromisso de a realizar, sem que se torne um suplício. Por exemplo, quando se pretende colocar na área da música (e após ver todas as características da criança), o ideal será ela poder entrar em contacto com as aulas, professores e instrumentos disponíveis, a fim de escolher aquele que mais se adequa.

O mais importante de tudo, e em suma, o que é necessário ter em mente é que para uma criança é de extrema importância existir momentos livres, para que ela possa fazer aquilo que lhe dá prazer e que deseja naquele momento. As crianças também precisam de tempo para si, tempo para crescerem por dentro e por fora, de modo a que possam realizar as suas próprias descobertas sem que exista intenção por parte de um adulto. Tempo de brincar, tempo de descobrir, tempo de ser, tempo de crescer… 

topo