Perturbações Emocionais em Contexto Escolar
Perturbações Emocionais em Contexto Escolar

Nos dias de hoje ouve-se falar muito de perturbações que afectam a aprendizagem No entanto, muitos pais e professores não sabem que 15% das crianças em idade escolar, segundo a Associação Americana de Psicologia, sofre de perturbações de caracter emocional ou comportamental. Quando estamos perante um aluno que nos apresenta reações comportamentais bruscas e desconcertantes, por vezes sem nenhuma razão aparente, ou até mesmo inquietude e desobediência, existe uma tendência para achar que é “mau comportamento” ou “falta de regras”.

Os estudos relacionados com as dificuldades de aprendizagem específicas revelam que existe uma tendência para encontrar indivíduos portadores de perturbações emocionais, que consequentemente apresentam um baixo rendimento escolar (Cruz, 2005). As perturbações emocionais ou comportamentais definem-se como uma condição em que uma ou mais características ocorrem, durante um longo período de tempo, e de tal forma que levam a um desempenho escolar abaixo da normalidade. Estas características são: incapacidade inexplicável para a aprendizagem, não consequentes de factores de ordem intelectual, sensorial ou de saúde; incapacidade para criar ou em manter relações interpessoais satisfatórias com os seus colegas e professores; sensação geral e persistente de infelicidade ou de depressão ou de tendência para apresentar sintomas físicos ou medos associados a problemas pessoais ou escolares (Nielsen, 1999).

De um modo prático, as características e comportamentos observados por crianças que apresentam perturbações emocionais são:

  • Ansiedade, instabilidade emocional e dependência
  • Tensão nervosa
  • Dificuldades em manter a atenção
  • Inquietude e, por vezes, desobediência
  • Reações comportamentais impulsivas e desconcertantes, por vezes, sem razão aparente
  • Falta de controlo de si mesmo
  • Dificuldade de ajustamento à realidade
  • Problemas de comunicação, fugindo da interação com os outros
  • Auto-conceito e auto-estima baixos, com reduzida tolerância à frustração
  • Hiperactividade
  • Agressividade (envolve-se em lutas, exibe-se)
  • Comportamento autodestrutivo
  • Imaturidade
  • Susceptibilidade a chamadas de atenção e dificuldade em se controlar perante situações de conflito ou de insucesso
  • Problemas de aprendizagem (Nielsen, 1999; Cruz, 2005; Santos & Graminha, 2006)

Existem várias causas para a presença de uma perturbação emocional, entre os quais: deficiências genéticas, problemas neurológicos, lesões cerebrais, desequilíbrios químicos, deficiências nutricionais e o uso de substâncias psicoactivas por parte dos cuidadores. No entanto, e para além destas causas, existem factores externos que conduzem para uma perturbação emocional, como o divórcio, morte ou nascimento de familiares, mudanças, frequência de uma escola diferente e a pressão exercida por companheiros. Também as crianças que estão num ambiente familiar tenso e instável, desorganizados, levam a que os comportamentos inadequados sejam apreendidos e também reforçados (Nielsen, 1999; Santos & Graminha, 2006). Essas crianças podem agir de duas formas: ou libertam a tensão acumulada ou reprimem os seus sentimentos. Se estes comportamentos persistirem por longos períodos de tempo e de forma consistente, podem ser indicativos de uma perturbação (Nielsen, 1999).

Quando estamos perante uma criança com suspeitas de perturbação emocional, é importante existir uma análise em relação à percepção pessoal que se tem em relação à criança e também à tolerância do professor na presença de comportamentos inadequados, quando existe a suspeita de uma criança considerada emocionalmente perturbada. Para um melhor diagnóstico é necessário recorrer a profissionais médicos treinados ou a psicólogos. Estes poderão fazer uma avaliação completa, acompanhamento e também ajudar os pais e professores a ajustarem-se a esta realidade (Nielsen, 1999).

É necessário tornar estas crianças e jovens membros válidos da sociedade, através de uma mudança de comportamento, no enriquecimento das suas áreas fortes e não no confronto com as suas áreas fracas. Se nada for feito, existe um grande risco de os distúrbios psico-emocionais resvalarem para o desajustamento social (delinquência, criminalidade, etc.) condições sociopáticas a evitar a todo o curto (Cruz, 2005).

 

Referências:

Cruz, V. (2005). Dificuldades de aprendizagem específicas. Libel: Lisboa.

Nielsen, L., B. (1999). Necessidades educativas especiais na sala de aula: um guia para professores. Porto Editora: Porto.

Santos, P., L. & Graminha, S., S., V. (2006). Problemas emocionais e comportamentais associados ao baixo rendimento académico. Estudos de psicologia, 11(1),101-109.

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