A dislexia pode ser confundida muitas vezes como preguiça, imaturidade ou até mesmo “problemas comportamentais” (Ribeiro & Baptista, 2006). A Organização Mundial de Saúde e a Federação Mundial de Neurologia definiram a dislexia como sendo uma desordem que manifesta-se pela dificuldade na aprendizagem da leitura, mesmo sendo aplicado um ensino convencional, de apresentar uma inteligência adequada e de ter oportunidades socioculturais.
Embora no campo da medicina a dislexia seja vista como uma doença, esta não demonstra a existência de vírus, lesões cerebrais específicas, transmissões genéticas, perturbações fisiológicas ou químicas que sejam responsáveis pela desordem (Citoler & Sanz, 2003). Estas crianças podem apresentar um QI[1] similar às outras e embora as dificuldades que apresentam nas competências linguísticas, através da utilização de recursos apropriados, é possível fornecer-lhes ferramentas que ajudem no domínio da leitura, escrita e na capacidade de soletração (Nielsen, 1999; Citoler & Sanz, 2003).
Perante esta informação, uma criança que sofra de dislexia apresenta as seguintes características:
Em sala de aula, estas crianças apresentam uma maior capacidade de apreensão através da manipulação, de demonstrações, da experimentação, da observação e dos suportes visuais (Ribeiro & Baptista, 2006). É importante compreender que elas tentam dar o seu melhor nos trabalhos que executam. Assim é de evitar comentários como “tens que te esforçar mais” ou “não sejas preguiçoso” pois apenas irão provocar frustração, levando ao eventual abandono do trabalho que está a realizar (Nielsen, 1999).
Muitas pessoas questionam-se sobre a continuidade da criança num regime de escolaridade normal ou a passagem para o ensino especial. Segundo o modelo desenvolvido por Baroja, Paret e Riesgo (1989), onde são revelados exercícios práticos para crianças com dislexia e que ainda são usados nos dias de hoje, é benéfico que as crianças estejam integradas numa turma regular. Estas precisam de se sentir compreendidas e motivadas pelos professores, pelo que é necessário estes estarem em contacto directo com o psicólogo que acompanha o caso e também com um professor de ensino especial, para que o trabalho conjunto tenha o mesmo objectivo (Ribeiro & Baptista, 2006).
Alerta-se aos pais e aos professores para a necessidade de um diagnóstico precoce do problema, a fim de minimizar o sentimento de frustração e de facultar estratégias de adaptação. Tal como qualquer criança, os disléxicos precisam de ser elogiados e ter uma resposta positiva nos trabalhos realizados (Nielsen, 1999). Futuramente estas crianças revelam ter mais apetência para as artes, teatro, música, desporto, negócios, design, construção ou profissões que estão ligadas às engenharias (Ribeiro & Baptista, 2006).
Referências
Baroja, F. F., Paret, A. M. L., & Riesgo, C. P. (1989). La dislexia – origen, diagnóstico y recuperation. Ciencias de la educación preescolar y especial: Madrid.
Cruz, V. (2005). Dificuldades de aprendizagem específicas. Libel: Lisboa.
Nielsen, L., B. (1999). Necessidades educativas especiais na sala de aula: um guia para professores. Porto Editora: Porto.
Ribeiro, A. B., & Baptista, A. I. (2006). Dislexia: compreensão, avaliação e estratégias educativas. Moares Editores: Lisboa.
Citoler, S. D., & Sanz, R. O. (1997). A leitura e a escrita: processos e dificuldades na sua aquisição. In R. Bautista, (Eds.). Necessidades educativas especiais (pp. 111-136). Lisboa: Dinalivro.